Diário de Viagem a Israel
- amargaridablog
- 17 de out. de 2023
- 4 min de leitura
Primeiro dia
No início de 2023 surgiu a oportunidade de viajar para Israel. Sendo um lugar muito estimado por várias culturas e religiões, a congregação onde estou recebeu todas as indicações da viagem.
A princípio, achei que iria demandar um grande esforço económico da minha parte e que seria dar um passo perigoso - sendo que já andava a comprar algumas coisas para a minha casa.
A oportunidade parecia ter passado até que corre a notícia de que sete pessoas tinham desistido.

“É agora!” - foi o que pensei.
Não deixei a oportunidade escapar novamente, e lá dei “corda aos sapatos” para conseguir cumprir com tudo. Ia ser um mês em grande!
Considerei a viagem como uma prenda de aniversário - engraçado que, sempre que estou prestes a celebrar o meu aniversário (sempre que possível), quero oferecer-me uma viagem.
E lá fui eu.
Saí do Algarve em direcção ao aeroporto de Lisboa no dia 3 de Setembro. Éramos nove pessoas na carrinha e foi excelente viajar com eles. Melhor grupo, era impossível!
Uma das coisas que mais me impressionou foi a forma organizada e segura com que a equipa tratava de tudo.
Para além de falarem várias línguas, os que trabalhavam para a companhia aérea estimavam pela segurança. Por isso, cada pessoa - ou cada casal - ficava cerca de uns 10 a 15 minutos em interrogatório.
O que eu consigo perceber perfeitamente. Não é à toa que é um dos países mais seguros do mundo. Assim como, os acontecimentos mais recentes demonstram o quanto é um país que precisa zelar pela sua segurança.
O voo foi feito durante a noite, e ainda bem! Achava que não conseguiria aguentar seis horas de viagem acordada (que foi, exactamente, o que aconteceu na viagem de regresso a Portugal).
Chegámos a Tel Aviv, de manhã, no dia 4 de Setembro.

Lembro-me que uma das minhas preocupações era a minha mala. Pois, assim que aterrámos, ouvimos o piloto a dar a informação de que sete malas tinham sido perdidas.
Graças a Deus, estava intacta! Tinha as minhas coisas e não ia ter de passar uma semana com as mesmas roupas - epá, perdoem-me, mas, para boa ansiosa, isto é uma coisa importante para mim.
Às 11h já estávamos em Cesareia de Filipo. Cidade construída por Herodes, O Grande. Onde Cornélio se converteu - o Apóstolo Pedro veio ter com ele e podes ler toda a história aqui -, onde Paulo esteve preso (podes ler tudo aqui), e onde eu vi belíssimas construções romanas. Ou, melhor, o que sobrou delas.
Uma cidade marítima, um mar lindo e azul. Uma cidade grande e que, no século l, deveria ser uma das mais desejadas pelos romanos.
No meio deste relato, esqueci-me de vos passar uma informação importante: ao todo, naquela viagem éramos 72 pessoas no grupo.
Por isso, uma das coisas que facilitou, foi o facto de tudo já estar pago e planeado desde Portugal.
Dada a essa facilidade, às 11:40h já estávamos no Monte Carmelo. Tínhamos um autocarro para cada grupo - estávamos divididos entre os que falavam inglês e os que falavam português - e, consequentemente, uma guia em cada um.
Que saudades da Palomba! A nossa querida guia que, numa mistura de português e espanhol, deu-nos todas as informações e mais algumas sobre aquele país. Neste momento, dado aos caos que se vive… não sei nada dela.

Esse monte foi onde o profeta Elias desafiou os profetas de Baal. E, meus amigos, é uma história fantástica! Aconselho-vos a ler e até vos facilito o trabalho: aqui está.
De lá, pode-se observar ainda o vale de Megido, ou Meguido (dependendo das traduções). O famoso vale do Armagedon. Mas, deixo isso para quem é PhD em escatologia - eu não sou lá grande coisa nisso, peço desculpa.
Às 13h já estávamos na cidade da Nazaré. Uma cidade onde, na sua maioria, vivem árabes. Claro que também há judeus, e convivem bem.
A cidade de Jesus, a cidade que o fez ter o nome de Nazareno. A cidade que Natanael pensava que nada de bom poderia vir lá… no fim, veio o Salvador do mundo (mais um spoiler).
Fomos para uma pequena vila que era usada para representar como era a vida nos tempos de Jesus. Então, desde a comida aos trajes, tudo indicava como seria na época.
Comi tão bem! Se há coisa que mais me recordo de fazer naquela viagem foi comer. As tâmaras maiores que o meu polegar, as azeitonas sabiam a azeite puro, a comida caseira, e nem vou falar do húmus se não começo a salivar. Pela primeira vez senti que comia bem e adequadamente.
Agora, um pormenor muito importante, naquela pequena vila, encontrei judeus messiânicos que, com base cultural e bíblica, fizeram-me olhar para a Palavra de Deus com mais amor e fervor.
O que mais me marcou foi a explicação do lagar de azeite. Estava uma prensa de azeitonas e, à medida que o rapaz ia explicando como funcionava, ia explicando a utilidade do azeite e as suas três fases.

Sim, o azeite tinha de passar por três processos: o primeiro de onde era retirado o azeite que servia para alumiar o templo; o segundo que era o azeite usado para a culinária, cosméticos e, ainda, para coisas medicinais; e, por fim, no terceiro processo, o azeite era usado para ser colocado nas lamparinas na casa de cada pessoa.
Agora vem a parte mais impactante!
Ouvimos a seguinte pergunta: “Lembram-se que Jesus foi até aos discípulos, quando estava no Getsemani (Monte das Oliveiras), pedia para eles estarem acordados e voltava para fazer a mesma oração? Lembram-se que Jesus fez isso três vezes?”
Foi aí que pensei que o tempo tinha parado e a minha cabeça explodido.
Tal como o azeite, que tem o seu propósito, precisa ser moído/prensado e tem os seus processos…, também Jesus foi prensado no Getsemani quando sentiu que a Sua hora estava a chegar e quando sentiu o peso do pecado da humanidade nos Seus ombros ao ponto de suar sangue.
Aprendi muito mais, só daquela pequena vila encenada. Mas, quem sabe se não falo delas mais adiante.
Acho que ainda estou como Maria, a guardar algumas coisas no meu coração. Fiquei mais convicta e mais quebrantada depois de tudo o que aprendi.

Eram quase 17h quando chegámos ao primeiro hotel, com vista para o Mar da Galileia. Pude ver o pôr e nascer do sol naquela região. Com os montes que pareciam preparar todo o espectáculo. Onde o Líbano, a Síria e a Jordânia estavam atrás.
E mal sabia eu as aventuras e os ensinamentos que me esperavam. Eu ainda não tinha ideia que seria a viagem mais importante da minha vida.
Vou dormir com o coração aquecido com esse texto ❤️
“… nos quer levar a nível de segurança tão grande onde vamos nos sentir livres para deixar toda a dor, todos cacos, nas suas mãos“ 🤯
A forma como abraçaste este viagem e te entregaste, e a coragem que demonstraste, é algo que me deixa sempre sem palavras.
Gracias por llevarnos hasta allá! Hasta se me apretó la guata.
Como amei ler seu texto e poder relembrar os detalhes dessa viagem tão intensa e incrível que fizemos. Obrigada ❤️😇
Muito bom seu texto, e compartilho sua dor pois tive um pai semelhante, e essa questão se estar sempre em alerta até hoje vem comigo
Wow! Que corazón enorme Dios te dió.
Uma menina/mulher super corajosa para escrever sobre algo que te maguou tanto 👏👏
Que post sensacional sobre sermos o sal da terra! Maravilhoso ❤
O medo é uma realidade vencida pela coragem. És corajosa e tens mostrado prendas dadas por quem te ama a tal maneira.
És Ana, conhecida e amada desde a fundação do mundo.