Sim, sim. Não, não.
- amargaridablog
- 2 de jul. de 2024
- 4 min de leitura
Não sei se tomas o tempo necessário para reflectir sobre a importância das palavras ditas.
Digo isto como forma de sermos levados a ponderar se tudo o que executamos é congruente com aquilo a que nos comprometemos com as palavras que saem da nossa boca.
Embora cada pessoa seja responsável pelo que alimenta em si mesma e as expectativas que cria para si, será que nós não acabamos por ser pessoas que colocam mais lenha na fogueira?
Podemos não controlar o que o outro espera, mas a partir do momento em que há malícia em nós - mesmo sem saber ou por necessidade de ego afagado - e agimos de modo a impressionar o outro mas sem cumprir… não passamos de mentirosos.
Vamos por partes...
Para não ficar apenas presa nos meus pensamentos, junta-te a mim para escrutinar-mos o que está escrito em Mateus, capítulo 5, versículo 37: “Quando disserem ‘sim’, seja de facto sim. Quando disserem ‘não’, seja de facto não. Qualquer coisa além disso vem do maligno.”
Numa primeira impressão, enquanto ensinava os discípulos, estas palavras ditas por Jesus parecem ter tido o objectivo de serem duras e insensíveis. E antes de prosseguir quero dizer-vos que o que estava a ser ensinado compõe o Sermão do Monte.
Tudo o que Jesus ensina neste sermão - que engloba os capítulos 5,6 e 7 de Mateus - trata-se de revelar a forma como deveria ser o carácter de um verdadeiro discípulo. Pois, não é de admirar que a fé é acompanhada de obras.
Então, Jesus está comprometido a educar os seus discípulos. Eles eram o alvo. Mesmo que houvesse uma multidão à sua volta, pode-se dizer que a mesma apenas foi beneficiada pelos ensinamentos que ali eram transmitidos. Pois sabemos que a fama de Jesus corria solta.
Já que o Sermão do Monte aponta para a verdadeira conduta, carácter e postura de um verdadeiro discípulo, então começamos a entender que, afinal, as palavras de Jesus não são assim tão duras.
Sabem… Jesus não se comprometeu apenas em nos escolher e nos salvar. Ele também se responsabiliza e nos ensina a saber como viver correctamente diante de Deus e das pessoas. Não para obter aprovação terrena, mas para que o nome de Deus seja conhecido e para que, aquilo que compõe o Seu Reino, seja manifesto para que mais se juntem a ele.
Contudo, precisamos nos atentar que Jesus refere tais palavras como um seguimento de se ter consciência dos juramentos e dos votos que são feitos. Deste modo, vale ressaltar que não veio para abolir aquilo que Deus tinha ordenado através de Moisés em Números 30:2 - “Se um homem fizer um voto ao Senhor ou uma promessa sob juramento, jamais deverá voltar atrás na sua palavra. Fará exactamente o que prometeu.” -, mas, sim, chamar os discípulos à responsabilidade de só assumirem aquilo que tinham capacidade de cumprir.
Ou seja: palavras leva-as o vento. É a integridade que conta e não aquilo que se fala da boca para fora (mesmo quando as intenções são boas).
Sim, é verdade que queremos ser vistos como filhos de Deus. Mas, por vezes, nem cumprimos aquilo com que nos comprometemos connosco. Um pequeno exemplo: “a partir de amanhã vou começar a acordar às 5:30h, para aproveitar melhor o dia, vou mudar a minha rotina, torná-la mais saudável, etc”...
E quando o despertador toca acabamos por desligá-lo, acordamos tarde e frustrados porque não conseguimos cumprir com o que queríamos. Apenas estou a dar um exemplo suave e fácil de entender de como a nossa integridade deveria começar com o cumprimento daquilo que prometemos a nós mesmos.
Agora, numa segunda fase (por assim dizer) Jesus afirma que tudo o que passa de ‘sim’ ou de ‘não’ vem do maligno. Penso que é aqui que se torna tão difícil engolir as suas palavras. Mas isso só revela que não somos assim tão íntegros como deveríamos ser.
A nossa responsabilidade
Para quê dar outras respostas? Quão confusos estamos nós na vida ao ponto de não termos certeza daquilo a que nos vamos comprometer? Ainda que seja a curto, médio ou a longo prazo, as nossas palavras não devem mirar num “talvez”.
Se existem vários “talvez” dentro de nós, então é porque o “não” já é evidente. Verdade seja dita: quando sabemos o que queremos e quando temos consciência do que podemos nos comprometer, o talvez não existe.
E é aqui que acabamos por brincar com o tempo, disposição, sentimentos e, até mesmo, bens das pessoas.
Que falta de integridade nos falta. Não admira que as palavras de Jesus doam tanto. Ainda há um caminho longo a percorrer.
Queremos tanto ver a manifestação do reino de Deus na terra, mas não conseguimos ser honestos e directos com as pessoas. Imaginem o quão belo seria se fossemos mais responsáveis em transmitir um ‘sim’ ou um ‘não’ convicto?
SERIA O CÉU NA TERRA! Haveria menos pessoas magoadas, menos defraudações, frustrações, enganos, e por aí vai.
Tudo o que alimentamos no outro e não cumprimos, quebrando a confiança que aquela pessoa colocou nas nossas palavras, também é pecado. Também deve haver arrependimento, confissão e pedido de perdão e, se possível, restituição.
Por isso, se tal como eu, desejas viver e agir como um verdadeiro discípulo de Cristo, então, deve haver integridade nas nossas palavras.
Precisamos ser directos e honestos. O que dizemos deve ser acompanhado de uma conduta congruente. Pois o reino de Deus também é manifesto quando cumprimos com o que dizemos.
Afinal, não temos nós um Deus íntegro?
Então, quero encorajar-te a viver de modo mais consciente com o que te comprometes contigo e com o teu próximo. Começa por honrar com aquilo a que te propões a ti mesmo(a). Tenta todas as vezes que forem necessárias e não tomes esse exercício de forma leviana.
Lembra-te que o teu Pai Celestial leva a sério a Sua palavra, por isso leva-a a sério também.
Excelente reflexão e praticidade de ensino!