Amor
- amargaridablog
- 16 de mai. de 2023
- 5 min de leitura
O tema mais presente em qualquer lugar é o amor. Desde a música aos filmes, o amor faz qualquer história arrebatar os nossos corações.
Creio que, ao longo da história da humanidade, vamos conhecendo diferentes tipos de amor. E, com o passar do tempo, parece que tem sido moldado mais à nossa maneira do que nós moldados ao que realmente é.
Então, não deixo de me questionar: qual é a nossa verdadeira intenção em amar alguém?

Bom, em primeiro lugar, vamos definir os tipos de amor que existem: Eros; Philia; Storge; e, Ágape.
O primeiro tipo de amor é o mais fácil de identificar. É amor ligado ao romantismo, ao desejo e à atração. Como se fosse o ponto de ignição para que uma bonita história entre homem e mulher aconteça.
O segundo remete à amizade. Como não tem nada a ver com o primeiro, este chega a ser mais emocional e fraternal. Conceitos como a lealdade, confiança e companheirismo são o que dão norte a uma verdadeira amizade.
O terceiro é o amor que facilmente identificamos entre pais e filhos. Chegam a dizer que é um amor maduro, sólido e bastante flexível - isto porque, mesmo ao herdar características dos nossos pais, não quer dizer que nos tornemos iguais.
Por fim, o Ágape. O amor perfeito, que norteia todos os outros para que sejam vividos de forma única e sincera. É genuíno, puro e incondicional. O único que não olha aos seus próprios interesses mas que se dá em prol do outro. É o amor divino.
Agora, indo directamente ao assunto: sendo que o amor ágape é que norteia todos os outros, será que não vai contra tudo o que aprendemos em filmes, livros de romance, músicas e na nossa cultura?
Irá chegar o dia em que não haverá mais atracção pelo corpo do cônjuge; não haverá mais paciência para ser-se intencional naquela amizade; e nem compaixão para entender que a mentalidade dos filhos é diferente dos pais.
E agora pergunto: será que sabemos amar?
Acredito que se o soubéssemos fazer - sem perder a paciência ou o encanto - era sinal que o mundo ia muito bem. Mas, o que mais noto é um mundo onde o grande foco de todos é o seu próprio umbigo.

Parece-me que temos apenas usado dos benefícios de qualquer tipo de relacionamento para que sejam uma alavanca para a nossa promoção, em vez de exercer um amor genuíno onde nós não somos o foco.
Não quero dizer que devemos nos submeter a tudo, aceitar tudo e deixarmo-nos ser maltratados - até porque o amor ágape não tolera a injustiça (1 Coríntios 13, mas já lá vamos).
Contudo, o facto de não conseguirmos amar as pessoas sem receber nada em troca, mostra o quanto estamos feridos e o quanto somos orgulhosos.
Tiago Cavaco, no seu livro “Ter Fé na Cidade”, relata que o amor não se resume a uma visão romântica. O que fazemos com maior naturalidade é odiar e não amar. Chega até mesmo a dizer que “o amor é uma força em que transpiramos”, ou seja, vai sempre exigir de nós intencionalidade.
Para perdoar, para ser compreensivo e reconhecer - ao olhar as acções cometidas pelo outro - que, se fossemos nós, poderia ser bem pior. E em não deixar que a ofensa corroa o nosso coração e crie raízes de amargura.
O amor requer que sejamos intencionais em perceber que o outro não é igual a nós e não tem obrigação nenhuma de nos corresponder - todos somos livres.
Começo a aperceber-me que o amor tem pouco de sentimento. O facto de o dizermos ou sentirmos só mostra o quanto somos aperfeiçoados por ele.
Ao lermos Gálatas 5, podemos ver que o amor é fruto do Espírito. Por isso, mais me convenço que não se trata apenas de um sentimento. Até porque, quem é cristão, é chamado a amar os seus inimigos.
E pergunto: tu que és cristão, como eu, tens alguma vontade natural em amar quem te fere, maltrata e odeia? Não, pois não… nem eu!
Se há coisa que o evangelho mais faz é acabar com qualquer tipo de autossuficiência ou narcisismo. Quando somos impactados com a mensagem da cruz entendemos que os egos não têm espaço sendo que somos chamados a amar sem receber nada em troca.

Por isso, se alguma vez nos disseram que a fé em Cristo é para os fracos… então acertaram na lotaria! De facto, é para os que reconhecem com humildade e sem nada a perder que, sem o amor puro - o amor de Deus -, nós não somos capazes de amar ninguém.
Agora, ao lermos I Coríntios 13, vemos o apóstolo Paulo começar por dizer que ainda que ele falasse a língua dos anjos, desse todo o seu dinheiro aos pobres e ainda o seu corpo para ser queimado, se ele não tivesse amor… não valia de nada.
Por vezes, pensamos que as nossas boas acções são de grande valor. Quando na verdade as fazemos movidos apenas por interesse - das pessoas ou de Deus.
Não falo apenas de bens materiais ou favores. Falo de reconhecimento e validação de identidade de outras pessoas. Há sempre algo que temos em mente por interesse próprio, ainda que o façamos de modo inconsciente.
Se fazemos tudo por amor sem querer receber nada em troca, porque ficamos tão mal quando uma pessoa não o reconhece? Porque esperamos que aja connosco como agimos?
Contra mim falo. Dei por mim, até há bem pouco tempo, a reflectir o quanto estava presa em dizer que “tudo o que fiz, fiz de boa vontade”, quando na verdade estava corroída por dentro porque não me trataram bem.
Hoje, tenho noção que muito do perdão que liberei era em troca das pessoas reconhecerem o mal que me fizeram. Orgulhava-me de dizer que tinha perdoado mesmo que não me tivessem pedido perdão, mas por dentro estava corroída por não reconhecerem.
Sou humana. O meu sangue, tal como o teu, vai ferver. Também sou susceptível a encher-me de orgulho, ira e justiça própria. Assim como também fico com vontade de fingir que tais pessoas não existem.
Agora, está correcto fazer tal coisa? Não. Tenho direito a isso? Também não.
Acreditamos que o contrário de amor é o ódio, mas estamos redondamente enganados. Pois o contrário de amor é a indiferença.
Ao ser indiferente com alguém, estou a negar a existência daquela vida, daquela história. Não há nada mais cruel para o coração do ser humano do que isso.
Mas, voltando ao apóstolo, mais à frente ele diz o que o amor é e o que não é. E relembro que fala do amor divino - o que norteia os demais.

E não há melhor exemplo a dar se não o exemplo de Jesus, que se entregou na cruz até por aqueles que nunca O quiseram e nunca O vão querer.
Alguma vez pensaste em dar a tua vida por alguém sabendo de antemão que essa pessoa nunca iria reconhecer esse sacrifício?
Pois é, Jesus fez isso.
O que moveu Jesus a vir à terra, a viver como nós, a sentar-se à mesa connosco, a falar com os renegados da sociedade e a dar a vida por todos, foi o verdadeiro amor.
Jesus tinha uma causa para se tornar humano como nós, uma causa para viver como nós e uma causa para morrer por nós. E tudo foi feito com excelência, com amor.
Para te encorajar, deixo-te apenas isto: ama intencionalmente. Reconhece que o outro é tão necessitado de amor e compreensão como tu.
“Nós amamos, porque Ele nos amou primeiro” - 1 João 4:19
Sê paciente, ao saber esperar pelo tempo de aprendizado do outro. Bondoso, mesmo quando te retribuem o bem com o mal. Verdadeiro, sem nunca omitir aquilo que precisa ser dito ou feito mesmo que seja doloroso. Firme, em amar verdadeiramente mesmo quando os próprios interesses não são atendidos.
Vou dormir com o coração aquecido com esse texto ❤️
“… nos quer levar a nível de segurança tão grande onde vamos nos sentir livres para deixar toda a dor, todos cacos, nas suas mãos“ 🤯
A forma como abraçaste este viagem e te entregaste, e a coragem que demonstraste, é algo que me deixa sempre sem palavras.
Gracias por llevarnos hasta allá! Hasta se me apretó la guata.
Como amei ler seu texto e poder relembrar os detalhes dessa viagem tão intensa e incrível que fizemos. Obrigada ❤️😇
Muito bom seu texto, e compartilho sua dor pois tive um pai semelhante, e essa questão se estar sempre em alerta até hoje vem comigo
Wow! Que corazón enorme Dios te dió.
Uma menina/mulher super corajosa para escrever sobre algo que te maguou tanto 👏👏
Que post sensacional sobre sermos o sal da terra! Maravilhoso ❤
O medo é uma realidade vencida pela coragem. És corajosa e tens mostrado prendas dadas por quem te ama a tal maneira.
És Ana, conhecida e amada desde a fundação do mundo.