Evangelho exposto, coração aberto

Não consigo olhar para as Escrituras sem me sentir inquieta. Embora haja os momentos de consolo e de esperança, quando as leio trazem-me mais confronto e um grande despertar para a mudança, para a verdade.

Nunca fui mulher de relativismos, assim como nunca fui uma mulher de estar cem por cento certa em tudo o que digo. Porém, olhando para Cristo eu vejo que há verdade. E ela chegou-me às mãos. Não por merecer, mas porque sou amada. E, acreditem, até hoje ainda não entendo isso muito bem… um amor tão arrebatador que fez a minha vida ganhar sentido mesmo que marcada pelos mais graves e tristes episódios.

A verdade trouxe-me convicções, e as convicções bastaram-me para enfrentar a vida. Mas, em especial, para almejar mudança. O que é irónico por que não existe nada mais desconfortável para mim do que sair daquilo que me é habitual ou cómodo. No entanto, em Cristo eu vi uma enorme segurança para revelar o que há no meu coração. Mesmo que com vergonha, porém sabendo de antemão que a Graça tudo supera.

Uma vez que eu tenho a verdade revelada e exposta a mim, por que razão vou eu continuar numa mentira ou escondida? Haja o que houver no meu coração, mesmo que seja o mais horrendo, tendo-o exposto, eu ficarei livre.

E, eu só consigo aproveitar e viver a liberdade, quando a entendo. E nada melhor para entender algo do que pôr a cabecinha a trabalhar. Faço-me sempre perguntas, tais como: «queres mudar para quê?».

Fazer perguntas a nós mesmos não só é saudável como extremamente necessário. Muitos de nós desconhecemos o que vai cá dentro e quais as verdadeiras intenções. E poderíamos ser tão mais relevantes e necessários ao outro se não tivéssemos tanto medo de expor as nossas fragilidades. Com isto, não digo que temos que as espalhar aos quatro ventos. Mas, com toda a certeza, deve haver pessoas que, sendo extensão da Graça de Deus, são lugares seguros também.

Por isso, eu quero continuar focada nesta jornada de coração ensinável. Sabendo que Quem morreu por mim publicamente não merece que eu continue da mesma maneira ou a esconder o que não quero que venha à tona. Ele dá-me segurança para saber que aquilo que vier à tona não é para acabar comigo, mas com o meu ego, o meu orgulho… tudo aquilo que Ele não planeou e nunca quis.

Expor as minhas fragilidades diante de um amor infinito que está exposto a mim todos os dias só me faz ter mais certezas no que está escrito

“(…) a minha graça é tudo o que precisas. O meu poder aperfeiçoa-se na fraqueza (…)” – 2 Coríntios 12:9.

É a verdade de Cristo exposta que me transforma, que despedaça o meu coração endurecido por orgulho e insensatez, que me torna mais mansa e que me ensina a amar. Só me torno forte quando abro o meu coração para Ele, porque sei que existe esperança de que eu não seja mais a mesma todas as vezes que o fizer.