Saudade não é dor
- amargaridablog
- 24 de mai. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 15 de dez. de 2022
Esta semana começou com a lembrança da minha mãe. Já fazem 14 anos que partiu, anos estes que já ultrapassam o número de anos que vivi com ela. Não o digo com raiva ou revolta, digo-o porque não me parece tal devido à intensidade com que ela marcou a minha vida. E eu não poderia ter desejado melhor mãe.

Porém, a minha lidação com o luto não foi tão lógica como se é esperado. Começou a dar sinais que eu ignorava e terminou de uma forma que eu não sabia que era a indicada. Tanto que, foi uma autêntica montanha-russa vivê-lo e olhá-lo de frente.
Sei que o ano de 2020 foi de grande tensão para todos. Mas, o meu foi marcado como um ano de desistências, de aprender a abrir mão.
Atenção, não digo que me entreguei ao desgaste e frustração, apenas aprendi com a ajuda preciosa da minha psicóloga que precisamos desistir de algumas coisas ao longo da vida – desistir, parar de insistir. De uma maneira mais simples: é preciso perder para ganhar.
Dei por mim confrontada que não queria, de forma alguma, abrir mão da dor da perda. Inocentemente, acreditava que isso implicaria apagar da minha memória tudo o que vivi com a minha mãe e tudo o que ela significava para mim. E, confesso sem receio, achei não fazer sentido o que me estava a ser pedido. Até que aprendi, com calma, que abrir mão da dor da perda seria uma forma de poder honrar dignamente a sua memória e, obviamente, isso não implicaria apagá-la. Por que, verdade seja dita, isso é impossível que aconteça!
A minha mãe foi, sem sombra de dúvida, a mulher que mais influenciou a minha vida e que me deixou profundos fundamentos de uma vida entregue nas mãos Daquele que nos amou primeiro. Sem temer o que quer que seja, desde doenças ou até a morte, mas viver a vida que nos foi dada e marcar positivamente a vida de quem nos rodeia.
Se doeu abrir mão e finalmente dizer adeus? Muito! E embora a literatura tenha um poder enorme e as palavras possam ser livre e ousadamente usadas… lamento, mas não tenho palavras que descrevam o quanto doeu. Mesmo assim, valeu a pena! O peso que trazia no meu coração saiu e eu senti-me livre.
Com isto, não digo que parei de chorar por ela. Eu ainda choro, muito. Reservada ou abertamente eu choro. Sei que cada lágrima é recolhida por Ele e que entende melhor que ninguém o que elas significam. Mas, aprendi que existe uma grande diferença entre chorar de dor e chorar de saudade.
Talvez possas descordar de mim – força, és livre para isso – porém, eu fui-me apercebendo que saudade não implica dor. A dor ela pode ser deixada, a saudade jamais. A saudade é o ponto principal para que eu continue a honrar a sua memória; é o que me faz conseguir descrever o cheiro dos seus perfumes preferidos e da sensação que tinha cada vez que ela me dava um beijo de bom dia.
A saudade permite-me relembrá-la como ela era, verdadeiramente. Enquanto a dor trazia o foco da doença e do sofrimento. A saudade aquece-me o coração ao recordar que a verei novamente, graças a Cristo.
Vou dormir com o coração aquecido com esse texto ❤️
“… nos quer levar a nível de segurança tão grande onde vamos nos sentir livres para deixar toda a dor, todos cacos, nas suas mãos“ 🤯
A forma como abraçaste este viagem e te entregaste, e a coragem que demonstraste, é algo que me deixa sempre sem palavras.
Gracias por llevarnos hasta allá! Hasta se me apretó la guata.
Como amei ler seu texto e poder relembrar os detalhes dessa viagem tão intensa e incrível que fizemos. Obrigada ❤️😇
Muito bom seu texto, e compartilho sua dor pois tive um pai semelhante, e essa questão se estar sempre em alerta até hoje vem comigo
Wow! Que corazón enorme Dios te dió.
Uma menina/mulher super corajosa para escrever sobre algo que te maguou tanto 👏👏
Que post sensacional sobre sermos o sal da terra! Maravilhoso ❤
O medo é uma realidade vencida pela coragem. És corajosa e tens mostrado prendas dadas por quem te ama a tal maneira.
És Ana, conhecida e amada desde a fundação do mundo.