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Livro: Como Amar uma Filha, de Hila Blum

Estava em casa aborrecida. Quando tal coisa acontece, na maioria das vezes, ponho-me a pesquisar novas leituras. Contudo, neste final de tarde foi diferente.


Peguei no carro e fui até a uma livraria. Recordo-me da sensação de bem-estar que senti quando entrei, pois há algum tempo que não o fazia. Nem me lembrava da última vez que tinha ido à caça de novos livros, à descoberta de novos autores.


Como Amar uma Filha - Hila Blum

A capa foi a primeira coisa que me chamou à atenção, depois o título. 


Tendo em conta que tive uma belíssima relação com a minha mãe e por, eu mesma, ter o sonho de me tornar uma, decidi rapidamente que este seria o livro que levaria para casa - e as minhas restantes leituras pendentes… assim iriam continuar.


Não conhecia a autora, mas fiquei a saber que esta obra lhe garantiu o Prémio Sapir em 2022, sendo bastante aclamado pelo The New York Times e The Guardian. 


Hila Blum é o seu nome e é israelita. Começou a sua carreira como jornalista, tornando-se mais tarde editora até chegar ao que é hoje: escritora.


Neste livro, Hila pensou em Yoela como a mãe que nutre - desde o nascimento de Lea - um amor forte e incondicional pela filha. Deixando bem claro que não se assemelha aos amores já vividos.


O livro desenrola as mais variadas e bem organizadas memórias desta mãe, que encontra na sua única filha, toda a sua razão de viver. E aqui é que eu comecei a torcer o nariz…

Como Amar Uma Filha - Hila Blum

Como uma mãe normal, Yoela sabe tudo a respeito da sua filha.


Por ter acompanhado todos os momentos mais importantes, mão lhe escapa uma só memória nem um único detalhe.


Mas a verdade é que houve algo que escapou a Yoela: cortar o cordão umbilical.


O livro não deixa claro como é que esta relação de mãe e filha se rompe do nada. Porém, pude perceber que não foi do nada.


Não temos nem uma singular narração da história por parte de Lea, apenas de Yoela. O que dá a sensação que é a mãe que controla a forma como a história se desenrola, como é contada, e como ela gostaria que terminasse.


A verdade é que Lea acaba por cortar relações com a mãe.


Por conta própria, Yoela descobre que a filha mora na Holanda, é casada e tem duas filhas. O que lhe parte o coração, mas em nenhum momento reflexiona onde asfixiou a filha.


Pensei que o livro teria uma história diferente. Contudo, ainda bem que não teve. Pois assim pude aprender a descansar mais e a não me sentir culpada por querer a minha vida.


Assim como já fui tirando notas de que, um dia (quando for mãe) poderei até criar memórias conjuntas com os meus filhos, mas eles nunca terão a mesma visão delas que eu.


De forma melancólica, à medida que ia tendo compaixão e me faltava paciência com Yoela, fui aprendendo que o cordão umbilical precisa mesmo ser cortado. 


Apoio totalmente a postura da Lea? Também não o posso afirmar, pois não deixa claro a razão principal que  levou a filha a esconder-se e afastar-se da própria mãe.


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Contudo, não a deixo de entender pela necessidade que tinha em viver a sua própria vida. Assim como não julgo a mãe por sofrer com o “ninho vazio”.


Por isso, incentivo-te a leres este livro para que possas descansar mais na complexidade que são as relações humanas e para aprenderes a ter um olhar bondoso para com as duas - que em nada diferem daquilo que temos no nosso dia-a-dia.


Ainda assim, não poderia terminar sem dar as informações deste livro de 272 páginas. 


A cópia que tenho é da 1º edição da editora QUETZAL, com tradução feita pela Telma Costa. E um aplauso ao Rui Rodrigues pelo design da capa. 


Comentários

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Comentários (28)

Adriana
30 de set.

Excelente como sempre!

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Fabiola
05 de ago.

Falar é uma das expressões e experiências mais incríveis que temos. Mas como falastes, precisamos cuidar com os nosso impulsos, esses podem levantar e podem destruir. Obrigada por essa reflexão.

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Convidado:
22 de out. de 2024

Vou dormir com o coração aquecido com esse texto ❤️

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Convidado:
27 de ago. de 2024

“… nos quer levar a nível de segurança tão grande onde vamos nos sentir livres para deixar toda a dor, todos cacos, nas suas mãos“ 🤯

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Convidado:
27 de ago. de 2024

A forma como abraçaste este viagem e te entregaste, e a coragem que demonstraste, é algo que me deixa sempre sem palavras.

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Convidado:
26 de out. de 2023

Gracias por llevarnos hasta allá! Hasta se me apretó la guata.

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amargaridablog
amargaridablog
Administrador
14 de nov. de 2023
Respondendo a

Hehe como nosotros decimos acá: Ora essa! :)

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Convidado:
18 de out. de 2023

Como amei ler seu texto e poder relembrar os detalhes dessa viagem tão intensa e incrível que fizemos. Obrigada ❤️😇

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amargaridablog
amargaridablog
Administrador
14 de nov. de 2023
Respondendo a

Seria bom voltar, né? Pode ser que um dia tenhamos boas notícias e seja possível voltar com tudo em paz :)

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Armando Marcos
Armando Marcos
18 de jul. de 2023

Muito bom seu texto, e compartilho sua dor pois tive um pai semelhante, e essa questão se estar sempre em alerta até hoje vem comigo

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Convidado:
18 de jul. de 2023

Wow! Que corazón enorme Dios te dió.

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amargaridablog
amargaridablog
Administrador
14 de nov. de 2023
Respondendo a

Sin ninguna duda! :) gracias por leer el texto.

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Convidado:
06 de jul. de 2023

Uma menina/mulher super corajosa para escrever sobre algo que te maguou tanto 👏👏

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amargaridablog
amargaridablog
Administrador
13 de jul. de 2023
Respondendo a

Obrigada pelas palavras, que possa encorajar e fortalecer quem está no mesmo barco.

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