Pronto, falei!
- amargaridablog
- 5 de ago.
- 6 min de leitura
Atualizado: 13 de ago.
UMA CULTURA DE SEM NOÇÃO
Continuo a escrever roteiros para o programa Mulheres de Esperança, da RTM Portugal (se ainda não sabes do que se trata, podes clicar aqui).
Quando recebi o calendário referente ao mês em que precisava entregar algo escrito sobre este tema… dei voltas ao assunto. Não por não saber do que se tratava, mas porque precisava medir bem as minhas palavras - para que eu mesma não fosse mais uma actuante desta cultura de despejar “opinião”.
As redes sociais tornaram-se um espaço de opinião pública, onde muitos comentam um pouco sobre tudo e todos… então, ao falar sobre esta tendência é falar num modo que impera e que pode passar por despercebido por confundirmos com sinceridade.
O não saber ponderar bem esta questão tem levado muitas pessoas a ficarem expostas não apenas nas redes sociais - devido às expressões de opinião que têm - como, também, revela que no dia-a-dia há esta inclinação a perder bons relacionamentos por causa da forma equivocada com que falamos com as pessoas confundido, lá está, palavras brutas com sinceridade.

Por isso, o meu objectivo é levar-te numa trajectória de entender que somos responsáveis pelo que dizemos e como o fazemos.
Talvez não sejamos responsáveis pela forma como somos interpretados, mas existem formas prácticas de saber onde está a nossa responsabilidade e o nosso limite em tudo aquilo que dizemos ou queremos dizer.
Até mesmo, para que haja uma mudança naquilo que estamos acostumados ou para não seguirmos tendências que em nada nos acrescentam, é preciso haver uma renovação no modo de pensar para que as nossas atitudes correspondam a essa mudança. Assim como uma tomada de consciência onde podemos melhorar.

Começo com uma pergunta:
Quantas vezes já não deste por ti, depois de teres falado tudo o que tinhas “entalado” na garganta, aliviado(a) por dizeres tudo o que andavas a guardar há tanto tempo, sem te importares no estado em que a outra pessoa ficou e sem a pessoa ter dado qualquer tipo de abertura para tal?
Eu acredito que já passámos por isso!
Tanto no papel de dizer tudo o que achávamos que precisava ser dito, como no papel de quem ouviu tudo em silêncio.
É um assunto com o qual nos identificamos e é algo que não nos passa despercebido, principalmente, porque temos mais acesso a cenas assim por causa das redes sociais.
O opinar sobre a vida alheia virou um “react” ou um “uso da liberdade de expressão”.
Mas será que é isso mesmo? Não estaremos a caminhar por um rumo onde podemos estar a perder a noção do que nos é verdadeiramente lícito falar?

Bom, vamos lá desfazer este novelo!
Ainda que tenhamos liberdade para falarmos tudo o que nos apetece, a verdade é que precisamos ser conscientes de que ser adulto é tomar responsabilidade por tudo o que fazemos e dizemos. E ser responsável nada mais é do que estar apto para responder eficazmente a determinados acontecimentos.
Deste modo, para responder de forma eficaz às mais variadas situações, precisamos ser coerentes no que dizemos, adequar o tom que utilizamos e a intenção real daquilo que queremos falar. E é aqui que acabamos por nos perder…
Podemos ter as melhores das intenções, mas a forma como falamos pode estragar tudo.
Sendo assim, vamos tirar nota do seguinte: mais do que ter atenção em articular boas palavras, precisamos levar em conta de saber o que falar - respeitando a vontade da pessoa de querer uma opinião ou não -, de como falar sobre o assunto - de modo a que haja uma transformação e não um mau estar ou resistência -, e, por último, quando falar - é necessário discernir o tempo em que devemos falar ou deixar apenas a outra pessoa falar.
Estes passos prácticos, na verdade, apontam para algo muito importante que devemos sempre nos questionar: “Aquilo que estou prestes a falar, vai aproximar-me ou afastar-me mais das pessoas?”; “Coloca em causa a integridade sobre quem estou a falar ou para quem estou a falar?”.

Continuando…
Já sabemos que somos responsáveis pelo que falamos, mas devemos levar em consideração que as nossas palavras precisam ser cheias de verdade e amor. Sempre tendo em mente que estes dois conceitos nunca andam separados. Pois amor sem verdade é falsidade, e verdade sem amor é apenas brutalidade.
Ambas as posições, quando separamos o amor da verdade (e vice-versa), apenas revelam que ainda existe uma jornada a percorrer no caminho da maturidade.
Contudo, também penso que seja importante reter que, para além de ser uma jornada de maturidade (que devemos ganhar a coragem para percorrer), também é uma demonstração de que não existe nada mais belo e forte numa pessoa do que estar aberta para que o seu carácter seja moldado.
Falo por mim, das coisas que mais admiro é quando alguém se dispõe a continuar a crescer e a ter o seu carácter transformado. Pois ninguém pode viver sozinho e precisamos aprender a lidar com todas as situações e pessoas.
E se há algo que sempre é bonito ver em alguém… é um carácter gentil. E nisso não há fraqueza alguma.

E Deus?
Penso que agora é o momento ideal de não ficarmos apenas pelo conhecimento técnico, mas de aprofundarmos um pouco mais acerca do maior exemplo que temos: aquilo que Deus pensa sobre o assunto.
Viver de acordo com o que o Criador da Vida considera apropriado é como usar uma régua, não falha a medição nem retidão.
E quanto mais descobrimos sobre o que Ele considera ser o melhor, mais bons resultados vamos vivenciando! E penso não ser a única a pensar desta forma…
Talvez possa soar a confronto… e sermos confrontados com a verdade é o que nos permite sair da sala da culpa ou da vergonha, pelas vezes que já cometemos o erro de falar de forma inapropriada porque deixamos as nossas emoções ficarem à flor da pele.
E, para trazer mais leveza, confrontos nunca são um problema.
A partir deles vêm os convencimentos que necessitamos para que a nossa vida seja transformada. São como a chave certa para uma porta que parece que esteve sempre trancada!
Por isso, vamos começar por nos deixarmos ser convencidos de que as desculpas que utilizamos (“não foi bem isso que eu disse”; “quem diz o que quer ouve o que não quer”; “estás a fazer uma interpretação errada do que disse”), não nos levam a lado nenhum.
A mudança começa por baixarmos as nossas barreiras e prestarmos atenção no que devemos fazer aos outros o que gostaríamos que fizessem a nós.

Ainda há mais…
O próprio Jesus ensinou isso no seu maior discurso chamado de “Sermão da Montanha” e que encontramos no capítulo 7 do livro de Mateus, mais especificamente, no versículo 12. Inclusive, muitos estudiosos vão dar o nome de “regra de ouro” a este posicionamento que devemos ter perante as pessoas. A consciência de que, se eu não toleraria algo assim, então eu também não devo fazer ao meu próximo.
Ou seja, se eu não aguentasse ouvir determinadas palavras pesadas, julgadoras e insultuosas, porque razão me acharia no direito de fazer algo assim para com outra pessoa? E ainda mais: arriscando-me a ser um motivo para a pessoa ficar mal ou perder a sua amizade?
Aqui é importante voltar a mencionar que amor e verdade andam juntos.
Às vezes, pelo medo de perder pessoas, deixamos de falar a verdade. Só que quando actuamos apenas em amor e deixamos a verdade de lado, estamos a compactuar com o que pode ser errado e agimos em falsidade.
Da mesma forma, se falamos apenas a verdade mas deixando de lado palavras amorosas, estamos apenas a ser brutos e a criar uma barreira nesse relacionamento.
Por isso, repito: amor e verdade devem andar juntos quando falamos, pois amor sem verdade é falsidade e verdade sem amor é apenas brutalidade.
A forma de chegarmos ao equilíbrio, para além do que já vimos que está escrito em MATEUS 7:12, é ter em mente o seguinte:
Quando estamos com a pessoa, precisamos olhar para ela como quem ela é! Uma pessoa que também é tão amada por Deus quanto nós somos; que Jesus também a tinha no Seu pensamento enquanto caminhava para a Cruz e que também se entregou por essa pessoa, tal como se entregou por nós.
Antes de falarmos qualquer coisa apenas nos baseando na nossa personalidade ou direito de opinião, deveríamos nos perguntar: “Se Jesus estivesse aqui connosco, será que Ele falaria como eu penso em falar ou como quero falar?”;
Por mais que as nossas intenções sejam doces, não podemos permitir que jorrem de nós palavras amargas. Pois tal como está escrito em Tiago 3:11, não é possível que uma fonte jorre água doce e salgada ao mesmo tempo. Então, se as nossas intenções são doces, porquê permitir jorrar água amarga?

Enfim…
Convido-te a reflectires em tudo o que foi mencionado e lanço-te o desafio de meditar (pensar e repensar) na forma como tens falado até hoje com as pessoas - sendo as que mais amas até às que são apenas conhecidas.
O objectivo é mostrar-te como podes desfrutar muito mais dos relacionamentos com as pessoas, de como é possível mudar sempre para melhor e ter mais esperança de que haverá sempre recompensa.
E, acredita… para alguém como eu - que me vejo falha e incapaz de ser boa em relacionar-me - digo-te que vale a pena! Pois, tal como tu, eu também sigo a aprender.
Falar é uma das expressões e experiências mais incríveis que temos. Mas como falastes, precisamos cuidar com os nosso impulsos, esses podem levantar e podem destruir. Obrigada por essa reflexão.
Vou dormir com o coração aquecido com esse texto ❤️
“… nos quer levar a nível de segurança tão grande onde vamos nos sentir livres para deixar toda a dor, todos cacos, nas suas mãos“ 🤯
A forma como abraçaste este viagem e te entregaste, e a coragem que demonstraste, é algo que me deixa sempre sem palavras.
Gracias por llevarnos hasta allá! Hasta se me apretó la guata.
Como amei ler seu texto e poder relembrar os detalhes dessa viagem tão intensa e incrível que fizemos. Obrigada ❤️😇
Muito bom seu texto, e compartilho sua dor pois tive um pai semelhante, e essa questão se estar sempre em alerta até hoje vem comigo
Wow! Que corazón enorme Dios te dió.
Uma menina/mulher super corajosa para escrever sobre algo que te maguou tanto 👏👏
Que post sensacional sobre sermos o sal da terra! Maravilhoso ❤